[[THEY WHO HAVE VERANDAHS' SOUL///ELAS QUE POSSUEM A ALMA AVARANDADA]] (2022)

Mixed Media

[[Paraffin, bee wax, hunting lead, gold leaf, silicon carbide, rust, soot, steel wool, glass and ferric oxides///Parafina, cera alba, chumbo de caça, folha de ouro, carbeto de silicio, ferrugem, fuligem, bombril, vidro e óxidos de ferro]]

50x50x7cm / 20x20x3in [[(each)///(cada)]]

[[I am interested in building a subtle boundary between the chaos of matter and the formalization of the work, being on the border of what was and what is in the process of being formed. Repeatedly reusing the same material, re-melting and re-forming the wax, feeding the oxidation process. Perhaps creating a work that never ends, always changing - as a response to the insolvent question of finitude. The ephemeral is a given of the contemporary moment, in industry, in art.

The time convened with the series They Who Have Verandah’ Soul manifests the presence of different pasts and brings evidence of a memory confluence, always rescued from complete dissolution. Unlike the photographic fixity, here I am interested in the fluidity, in the decompositions and losses of this invented process, in an interiority that comes to light with the paraffin cure. In this system of pre-determined chance, I think of things that are transformed in coexistence with the sea, of what floats or sinks.

But as if my mind kept returning to photography, maybe I just found one more way to document the moment. One that questions the status of the image and the insufficiency of the visible, a deliberate refusal to the constant transparency of the image as a window and double of the world. I sink into the liquid region, quiet and unfathomable, where vague and fresh mists hover, like those of dawn.///Interessa-me construir uma fronteira sutil entre o caos da matéria e a formalização da obra. Estar na fronteira do que foi e do que está em vias de se formar. Reutilizar repetidas vezes a mesma matéria, re-derreter e re-conformar a cera, alimentando o processo de oxidação. Quiçá criar uma obra que não termina nunca, sempre em mutação - como uma resposta à insolvente questão da finitude. O efêmero é um dado do momento em que vivemos, na indústria, na arte.

O tempo convocado com a série Elas Que Possuem a Alma Avarandada manifesta a presença de diversos passados e traz indícios da confluência de uma memória, sempre resgatada da completa dissolução. Ao contrário da fixidez fotográfica aqui estou interessada na fluidez, nas decomposições e perdas desse processo inventado, numa interioridade que vem à tona com a cura da parafina. Nesse sistema de acasos pré-determinados penso nas coisas que se transformam na convivência com o mar, no que vem a flutuar ou afunda.

Mas como se minha mente sempre voltasse à fotografia, talvez eu tenha encontrado apenas mais uma forma de documentar o instante. Uma que questiona o estatuto da imagem e a insuficiência do visível. Deliberada recusa à transparência constante da imagem como janela e duplo do mundo. Afundo na região líquida, quieta e insondável, onde pairam as névoas vagas e frescas como as da madrugada.]]